Em 1999 ecotuba era apenas o nome de uma conta de e-mail que eu tinha no hotmail (lembram do msn?)
Mas foi em dezembro desse ano que em um bote inflável vermelho eu navegava em direção ao Parque Estadual da Ilha Anchieta.
Estudante que era, iria iniciar um estágio de um ano, mas sequer imaginava o que me esperava na ilha.
Queria trabalhar, ainda não havia a frase “Money Que é good nós num have”, mas era por ai a coisa.
Menos ideia ainda eu tinha de como aquela travessia iria mudar a minha vida nos anos que viriam.
Em poucos dias me adaptei a rotina do trabalho que ia de processos administrativos ao atendimento ao público.
E era ai que a coisa pegava, eu tremia ao pensar que teria que falar para um multidão, mais que duas pessoas eu já enxergava uma centena na minha frente.
Minha função era apresentar as normas de visita no parque e orientar os turistas para que aproveitassem a visita, com segurança e respeito a natureza.
A primeira vez a gente nunca esquece
Foi quando para o meu alivio (ou sobrevivência) a gestão do parque resolveu fazer um curso de capacitação de monitores.
Nele seria ensinado como lidar com o público e transmitir informações sobre o parque.
No curso ministrado por excelentes professores, foi compartilhado conhecimentos sobre aspectos históricos, geográficos e culturais da ilha.
Conteúdo valioso para que aplicássemos nas apresentações feitas aos visitantes do parque que chegavam diariamente.
O curso contou com uma turma de uns 40 alunos, a maioria eram estudantes da Universidade de Taubaté, campus Ubatuba.
Tudo era novo e encantava a ideia de que trabalhando como monitor seria possível compartilhar coisas do lugar que vivo com as mais diferentes pessoas.
E melhor ainda era fazer disso uma profissão, era algo como “trabalhar se divertindo e ainda te pagarem por isso”.
Vida após um curso de monitores
Do curso nasceu um desejo de levar adiante essa ideia e o melhor que eu não era o único com vontade de seguir na nova profissão.
Fiz amizades incríveis que contribuíram muito para a minha formação como pessoa e profissional.
Formamos um time de monitores, primeiro do parque na década de 2000, a escalação tinha além de mim, o Rege, Bira, Elias, Juninho e o Gabriel.
Todos sob o comando da bióloga Drª Maria de Jesus Robim, coordenadora de Uso Público do parque e mentora, professora e por vezes mãe da nossa equipe.
Dai para a frente inúmeras foram as horas de estágio em trilhas conduzindo grupos de todos os perfis, ações voluntarias e cursos de capacitação.
Muita ralação e pouca grana, mas seguíamos fortes na missão.
Queríamos viver o sonho de trabalhar com turismo e não foram poucas as vezes que como bambu verde, envergamos e muito, mas não quebramos, sempre tínhamos um ao outro e isso fez a diferença.
E os anos se passaram
Anos depois algumas coisas mudaram, Gabriel hoje vive na Austrália e Juninho é um ativo representante da sua comunidade caiçara do sertão do Ubatumirim.
Elias se tornou professor e nas horas vagas segue guiando turistas, Rege, Bira e eu seguimos vivendo do trabalho de guia por todo esse tempo.
Rege se especializou em idiomas, é fluente em inglês, espanhol e francês e possui uma experiência fora dos padrões habituais de guia.
Bira montou a Pousada do Tenório e esta sempre em busca de aplicar conceitos de sustentabilidade no dia a dia do estabelecimento, sem deixar a vida de guia de lado.
E você deve estar se perguntando, “mas e você Nei?”.
Bem, eu estou aqui escrevendo para contar que depois de ter vivido muita coisa legal nesses anos ao lado dessa turma, resolvi me jogar e criar a Ecotuba.
Ecotuba, guardem esse nome.
Ecotuba nasce para ser uma operadora de turismo decidida a compartilhar o que há de melhor em nossa região.
A Ecotuba já nasce forte, com a mesma gana do inicio de nossas carreiras e reforçada com os competentes Marcelo e Fábio, guias caiçaras da praia Grande do Bonete.
E nada de clube do bolinha, a ala feminina é formada pela Fernanda (geografa e amiga dos sacis), Carolina Kazumi (ninja e advogada) e pela Paty (administradora de empresas).
Agora que nos conheceu, venha trilhar novos caminhos, prometo que não irá faltar dedicação e diversão ao longo do caminho.
Afinal foi assim no inicio e será assim sempre.
Vida longa a Ecotuba!