Qual guia de turismo que nunca ouviu frases como:
“queria ter uma vida como a sua, só passeia”, ou:
“vocês trabalham além de passear com turistas?”
A profissão de guia de turismo inspira a falsa ideia de que estamos sempre de férias ou que escolhemos a profissão para poder viajar de graça pelo mundo.
Mas nem tudo é como parece, siga na leitura e descubra os mitos, micos (sim, muitos) e verdades dessa profissão.
Mas o que é o tal do guia de turismo?
O guia de turismo é o profissional responsável por acompanhar e orientar grupos de pessoas que estão viajando, seja qual for o tipo de viagem.
Em muitos casos é o próprio guia que executa os programas que serão feitos durante a viagem ou passeio, natural que se sejam também responsáveis por ajudar na montagem do roteiro.
Já deu para se ligar que o sucesso da sua viagem muitas vezes está nas mãos do guia de turismo?
E é ai que você pode ganhar um amigo para toda vida ou querer tirar o escalpo do guia se ele pisar na bola.
Uma boa escolha do profissional já elimina o uso da peixeira (para os cabras) ou navalha (para os refinados).
Qualquer um pode ser um guia de turismo?
Sim, assim como tudo na vida, se trata de uma escolha, mas para exercer a profissão é necessário cumprir alguns requisitos técnicos e de aptidão a profissão.
A primeira coisa que um aspirante a guia de turismo precisa ter é respeito pela legislação, no Brasil a profissão está regulamentada pela Lei 8.623/93, que exige que o guia de turismo receba formação em escola habilitada e após formado, se cadastre no Ministério do Turismo pelo Cadastur para exercer a profissão.
Se estava pensando em pular essa parte, sinto lhe informar que estará concorrendo a ser denunciado por exercício ilegal da profissão e ser taxado de pirata no mercado.
Um requisito de grande valia para o sucesso é gostar de pessoas e de estudar, diferente de outras profissões, no exercício da atividade estamos sempre (ou deveria ser assim) no melhor momento das pessoas, estão felizes, de férias e se divertindo.
Estragar isso não é uma boa forma de ser lembrado, literalmente nessa profissão, os seus problemas ficam na sua casa, nunca na casa dos seus clientes.
Guia de turismo só viaja, e de graça?
Por vezes nem viaja e menos ainda de graça, a atuação do Guia de Turismo pode ser dividida basicamente em três categorias:
- regional
- nacional
- internacional
Para cada uma dessas áreas é necessário formação e credenciamento especifico, mas muitos (como eu) optam por trabalhar em sua cidade de origem, sendo reconhecido como guias receptivo ou guia local.
Já muitos outros como o nosso parceiro Rege Galvão, preferem atuar em viagens, assessorando os turistas dentro e fora do Brasil.
É aí que acabam trabalhando mais e mais, afinal o sono dos clientes dependem do sucesso da operação que o guia coordena.
Em ambas opções sempre é necessário se capacitar com frequência, estudando e pesquisando sobre os roteiros e atrativos que irá operar, e isso nem sempre é de graça.
Por trás de um guia capacitado, existem horas e horas de formação, por vezes gratuita, mas na maioria dos casos não é, sendo necessário que o guia faça o investimento em sua carreira.
Quanto melhor e mais preparado o guia for, maiores as chances do mercado de trabalho lhe oferecer oportunidades em hotéis, cruzeiros, agências de viagem, empresas aéreas, eventos, museus, parques, ecoturismo, turismo de esportes radicais e consultoria.
Quanto ganha um guia de turismo?
Isso depende de muitos fatores, mas todos atrelados a capacitação do guia e área que atua, como profissional autônomo é habitual que receba por serviços prestados (“as guiadas”).
Um guia que atua com segmentos específicos como ecoturismo ou que receba uma clientela mais exigente, tende a ter o seu trabalho melhor valorado e aceito pelo mercado.
Mas isso não é regra, a única regra que recomendamos e seguimos é: “fuja de clientes que não valorizam a profissão”.
Esses sempre vão roubar a sua energia e paz, te garanto que não há dinheiro no mundo que vale o risco de se ver no meio do passeio que vira um caos por conta do cliente.
Então tudo é diversão nessa profissão?
Para o cliente sim e por vezes apenas para ele, nem sempre a diversão inclui o guia e por vezes é justamente o excesso disso que prejudica.
Saber moderar a conduta pessoal e entender que o trabalho justamente está em promover a diversão de forma segura ao cliente é que irá definir o sucesso do guia.
Por trás daquele banho de cachoeira ou do jantar de pratos típicos é comum que aparecem os perrengues que cabe apenas ao guia resolvê-los, e aí que começa os se vira nos trinta da vida real e que irá lhe colocar a prova na profissão.
Os guias da Ecotuba ao longo de quase 20 anos de profissão colecionam histórias que poderiam se tornar literalmente histórias de terror ou comédias da vida real, mas que tiveram final feliz com os clientes aproveitando tranquilamente de seus passeios e que contribuíram para a evolução profissional dos guias, gerando aprendizados para a vida toda.
Mas dá para viver trabalhando como guia de turismo?
Com tanta adversidade e por vezes uma dose de instabilidade, você deve estar se perguntando se é uma profissão segura economicamente falando
No Brasil já são mais de 17 mil guias de turismo credenciados no Ministério do Turismo que atuam de norte a sul, viajando com e recebendo turistas.
Esse número soa pequeno quando comparado com outras áreas do turismo, mas se a sua motivação é unicamente financeira, meu conselho é: “desista antes de começar”.
Guia de Turismo é sinônimo de anfitrião, é um ser que deve carregar o desejo de realizar sonhos, de promover elos das pessoas com a natureza, história, cultura, arte e gastronomia da região visitada.
Por isso o guia de turismo é um dos elos mais importantes da cadeia produtiva do Turismo!
Mensurar o sucesso por quanto irá colocar no bolso pode lhe impedir de observar outras recompensas que a profissão oferece.
A profissão é um desafio à rotina, trabalha-se muito durante os finais de semana e feriados, trabalhamos quando todos estão de férias.
Mas para quem se conecta de coração e alma com a profissão, a forma de mediar o sucesso pode ser outra.
Felicidade Interna Bruta
Assim como no pequeno Butão, adotamos uma fórmula de sucesso baseada no bem-estar que promovemos ao nosso padrão de vida.
Além da gratificação financeira, importante e necessária, existem outas formas de ser recompensado no exercício da profissão, que podem ser importantes para a saúde profissional.
O prazer em conhecer pessoas, culturas e regiões, evoluir a cada dia de trabalho e principalmente, estar em contato com a natureza fará muita diferença.
Assim seguimos felizes com a nossa profissão e com tudo aquilo que ela representa a nós e para essa maravilhosa “ciência” que é o turismo.